quarta-feira, 22 de julho de 2009

A 1a Temporada de True Blood e o 2x01

Vamos analisar primeiramente o CV do criador da série, Alan Ball. O roteirista escreveu a obra-prima do cinema Beleza Americana, roteiro com o qual ganhou o Oscar, Globo de Ouro e o Prêmio do Sindicato dos Roteiristas Americanos de melhor Roteiro. Só neste ponto já teríamos motivos suficientes para pelo menos dar uma chance a True Blood. Na TV, foi nada menos que o criador de uma das melhores séries de todos os tempos, A Sete Palmos (Six Feet Under), que estou retomando desde a primeira temporada. Por esta série, recebeu o prêmio de Direção pelo Sindicato de Diretores Americanos e nos prêmios Emmy na mesma categoria, além de ganhar prêmio de produção do Sindicato dos Produtores Americanos.
Credenciais apresentadas, prosseguimos com a sinopse: vampiros convivem com seres humanos após os japoneses (sempre eles) criarem sangue artificial, o Tru Blood (sem "e" em Tru). Devo confessar que com esse briefing, minhas expectativas começaram bem baixas, chegando a acreditar que Alan Ball teria pela primeira vez errado.
Hoje em dia quando se fala sobre vampiros, somos automaticamente remetidos a Crepúsculo e afins, onde meninas virginais são defendidas pela “facção” boa dos vampiros, personificado por um vampiro/herói romântico. Minha maior preocupação era a da HBO (canal que produz a série) perdesse seu lado mais politicamente incorreto e transformasse a série em mais uma Buffy (desculpem-me, fãs, mas não consigo assistir a nenhum filme ou série cuja protagonista seja Sarah Michele Geller).
Se a produção da série fosse para outro canal, como um canal aberto, provavelmente esse seria o destino de True Blood. Mas como Alan Ball tinha créditos com o canal depois de criar Six Feet Under, a série se transformou em programa voltado para adulto: um pouco devido à temática, mas principalmente ao quesito gráfico.

A primeira temporada da série teve como fio condutor dos episódios os assassinatos de mulheres que tiveram relações sexuais com vampiros. Com tais crimes de pano de fundo, o que a série mostrou realmente foi como se dá o convívio entre os humanos e os vampiros após estes “saírem do caixão”. A escolha de uma cidade sulista americana é importante: ali o preconceito com quem é diferente do que é aceito por eles como normal é bem maior do que se a série se passasse em uma cidade grande. Poucos ali aceitam os vampiros, com exceção da personagem principal Sookie, vivida por Anna Paquin e sua avó. A relativa aceitação dos vampiros por aquela comunidade apenas começa a surgir quando Bill Compton, vampiro “do bem” e protetor de Sookie, vai à igreja em um evento organizado pela avó para fazer uma seção de perguntas e respostas.
Os vampiros são, na verdade, uma alegoria escolhida por Alan Ball para mostrar como uma comunidade conservadora acolhe ou rechaça a presença de seres diferentes. Algo como um X-Men mas com vampiros no lugar de mutantes.
No que diz respeito à parte gráfica, a assinatura da HBO é evidente: cenas de sangue para todo o lado são constantes; e é claro, sexo (quase) chegando ao hard-core no segundo episódio.
Terminada a primeira temporada, que é concluída com o descobrimento do assassino das mulheres, o primeiro episódio da segunda começa exatamente de onde terminou o último (acredito que até seja o mesmo plano de filmagem); e já começou no melhor estilo True Blood: uma das personagens da primeira temporada é assassinada, seu coração é arrancado e seu corpo é encontrado dentro do carro do detetive. Novos e interessantes personagens enriquecem a trama: a “convertida” por Bill Compton promete abalar o relacionamento dele com Sookie; Marryan Forrester, interpretada por Michelle Forbes, que já havia sido apresentada nos episódios finais da primeira temporada, irá revelar suas reais intenções durante a segunda temporada (e como já era de se esperar, descobrimos logo no primeiro episódio que ela não é tão boazinha assim).
A HBO Brasil está apresentando a segunda temporada com apenas 4 episódios de atraso em relação aos Estados Unidos, o que é excelente sinal. Pelo que li de críticas dos próximos episódios, a temporada vai melhorando e ficando cada vez mais trash (no caso de True Blood, trash é bom; muito bom).
Alan Ball com HBO parece ser uma combinação infalível.

Um comentário:

Tom disse...

Num sou muito fã de Beleza Americana... mas adorei Six Feet Under!
Eu deveria ter dado uma chance ao True Blood, eu sei... mas tive que trabalhar... heheheh
Abraço!