terça-feira, 30 de junho de 2009

A Alta Definição


Demorou...demorou! Mas chegou. Há aproximadamente 2 meses recebi o email da SKY, prestadora de que sou cliente há pelo menos 10 anos (se contarmos com a extinta Directv) sobre a chegada do receptor de alta definição. Já esperava por essa notícia desde a chegada da tecnologia pela NET. Como nunca fui cliente desta última, não vou criticá-la ou elogiá-la, apenas comentando os canais e a programação em alta definição da Sky.
Vale primeiro ressaltar a diferença entre a TV digital e a TV em alta definição. A Sky e a Directv já surgiram como provedoras de sinal digital. A Net, alguns anos depois começou a oferecer também o sinal digital. A televisão em alta definição é um serviço novo no Brasil, oferecido primeiramente apenas pela NET e agora pela Sky.
Quando comparamos a qualidade de imagem do sinal digital convencional com o sinal digital em alta definição, podemos fazer a seguinte analogia: a imagem do sinal digital convencional é comparável à do DVD e a imagem do sinal digital em alta definição é comparável dos discos blurays.
Para se ter uma idéia de como a Sky considera importante a oferta do sinal em alta definição, olha só quem foi chamada para ser a garota propaganda da campanha de lançamento:
Dispensando qualquer legenda, continuo o post. A Sky oferece 10 canais em alta definição. São eles: HBO, HBO HD, MGM HD, SPACE HD, TNT HD, ESPN HD, VOOM, FOX+NatGeo, HD Theater (Discovery), SEX ZONE HD.
A pergunta que sempre é feita nesse momento é: vale a pena pagar um pouco a mais para ter estes canais em alta definição? A melhor resposta que encontrei até o momento é: depende do que você espera quando assiste à televisão. Vamos falar canal por canal para tentar ajudar.

A HBO HD possui uma programação mais voltada para suas séries originais tais como True Blood e Em Terapia. Sua programação também inclui os últimos filmes apresentados pelo canal HBO principal. A imagem é excelente porém inferior à de outros canais em alta definição. Nos primeiros episódios da apresentação da série Alice, a imagem era visivelmente granulada. Não era possível saber, porém, se o problema era da transmissão do sinal ou do próprio canal. Com o passar dos episódios, porém, a imagem melhorou muito e nos últimos já se podia dizer que tinham uma imagem com qualidade de alta definição.

A HBO que não tem HD no seu nome mas cujo sinal é transmitido em alta definição possui a mesma programação daquela que nem tem o HD no nome nem tem seu sinal transmitido em alta definição. Difícil entender? Bom: é a mesma programação da HBO que você provavelmente tem mas em alta definição. Imagem excelente, com uma programação que às vezes inclui filmes que não foram feitos para ser transmitidos em HD. Uma vantagem desse canal é que, pelo menos pela Sky, a HBO convencional (canal 71) possui uma imagem ruim mesmo quando comparada à imagem da HBO 2.

Este canal eu deixo para o meu pai. Um dos gêneros de cinema pelo qual eu sou menos me interesso é o faroeste. Nada contra Sergio Leone, mesmo porque se um dia passar na MGM "Era uma vez no Oeste" em alta definição, count me in with popcorn. A imagem é relativamente melhor que a da MGM convencional, mas ainda assim não é comparável com a real (se assim a podemos chamar) imagem em alta definição. Mas de vez em quando há um filme bom passando no canal.

A programação da TNT já é um pouco melhor. Há alguns dias transmitia O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, um filme que ainda fica maior com a qualidade de imagem em alta definição. O que mais espero na verdade para este canal são as premiações, principalmente o Oscar 2010. Não sei se transmitirão em alta definição mas há sempre a possibilidade. A imagem em relação à TNT convencional é muito melhor, mas ainda não há a possibilidade, assim como na outra TNT, de legendas em português. As opções então são: ou você entende inglês, ou assiste dublado.

A imagem da ESPN HD e da Voom talvez sejam as melhores entre os 10 canais oferecidos em alta definição pela SKY. O único problema desses dois canais? A programação. Ok! Não sou o maior dos fãs de esportes, mas de vez em quando assisto a partidas da seleção de futebol e vôlei. Mas como o canal ESPN HD é internacional, a maior parte da programação é ocupada por partidas de baseball, futebol americano e basquete. Tirando esta última modalidade, não entendo nada das outras duas. Mas o canal é bom para ver a que ponto chega a qualidade da imagem em alta definição.

Outro exemplo de excelente imagem com péssima programação é a Voom. Digamos que a Voom é aquele canal que quis ser uma Discovery mas com uns documentários "B Style". Zapeando pela programação do canal neste exato momento (23:40 do dia 30 de junho), temos nas próximas horas: Classic Racers - uma corrida de 3 horas para carros clássicos dos anos 50 e 60; A Arte de Jogar - Voe sobre Manhattan e salve Nova York no SpiderMan 3; Thank you, dude...but not for me.


Bom para quem gosta de FOX e bom para quem gosta de NatGeo. Antes eu até assistia a 24 horas mas não dá mais. Simpsons eu nunca gostei. Documentários de vida selvagem nunca foram meu forte. Mas as imagens do canal estão entre as melhores. Espero que a terceira temporada de Dexter saia do FX e passe para Fox e, de preferência em alta definição. Ao que tudo indica, Dollhouse estréia na Fox: será que em alta definição? Mas ponto para o canal que transmitiu X-Men III em HD.

O canal em alta definição da Discovery cai na mesma situação que a NetGeo e a MGM: a primeira pelos documentários que não me atraem e a segunda porque quem assiste à Discovery aqui em casa é o meu pai. Assim como o canal anterior, porém, a imagem é excelente.

Sobre esse canal eu não tenho muito o que falar uma vez que se passei 10 minutos durante esses dois meses assistindo a ele, foi muito. Acredito que seja nele que é transmitida a série Battlestar Galactica que todo mundo fala que é boa mas que, apesar de inclusive já ter utilizado o receptor para gravar alguns episódios, ainda não vi nenhum. (mais sobre os recursos de gravação, abaixo no final do post)

A indústria pornográfica, pelo menos a americana, sempre acompanhou as mudanças tecnológicas. Quer saber mais sobre o assunto? Assista a Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson. Não, não é um filme pornô. Muito pelo contrário: é um ótimo filme sobre a indústria pornográfica americana nos anos 60 e 70, que inclusive foi indicado a alguns Oscars. Para novamente não ficar para trás, a indústria pornô lança um canal em alta definição. Na visão do blogueiro que vos fala, da mesma forma que quem assite a um filme pornô não quer saber de historinha (ou não), 1080 ou 720 linhas de difinição de imagem não farão a menor diferença. FYI: o canal veio bloqueado e não consegui até hoje desbloquear. De qualquer forma, acho que não estou perdendo nada.

Uma vantagem que já vinha sendo oferecida pela Sky era a possibilidade de gravação de programas para assisti-los nos momentos livres, o Sky+. Eu não possuia esse serviço e com a SKY HD ele foi mantido. É o TiVo americano. Além de poder gravar um filme através do controle remoto, ou fazer uma gravação recorrente de uma série sem se preocupar sobre os horários de cada uma delas, você pode assisti-las quando quiser, e não só às 11 da noite de um sábado quando a Sony transmite Saturday Night Live só porque o nome do programa começa com Saturday. Outra vantagem: o cliente pode se cadastrar no site da Sky e solicitar a gravação de qualquer programa pela internet caso o receptor esteja conectado à linha telefônica: é a tecnologia. A lista abaixo é apresentada no site da Sky para gravação à distância.

Acabei de abrir a minha lista de gravações e percebi que hoje era dia de Damages Episódio 4. Vejo no fim de semana. Há ainda Em Terapia com a sessão da April e no momento o receptor está gravando o décimo segundo episódio de True Blood.

No veredicto do blog: além do ótimo serviço prestado pela Sky (e olha que não trabalho lá nem tenho parente que trabalhe), hoje vale a pena instalar o receptor de alta definição caso já possua televisão Full HD.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Em Terapia - Segunda Temporada

It's not TV. It's HBO! Este é o slogan do canal cuja programação tem sido a melhor da TV em duas décadas. Apesar de tal slogan cair como uma luva para o canal, arriscaria dizer que um ainda melhor seria: It's not TV. It's Art!

Há alguns anos assisti a uma entrevista do Paulo Autran, provavelmente no canal Cultura, em que o ator dizia: o teatro é a arte do ator, o cinema é a arte do diretor e a televisão é a arte do marketing (ou alguma coisa parecida). Na época da entrevista, quando eu ainda não possuía TV por assinatura, concordei com a afirmação. Hoje, depois de um canal de TV oferecer em sua programação séries originais, ou seja, produzida pelo próprio canal, como Família Soprano, A Sete Palmos e minisséries como Band of Brothers, Angels in America e John Adams, tenho a convicção de que é possível "vender" arte na Televisão.

Mais uma prova disso está nas duas séries produzidas atualmente pelo canal que chamam a atenção: True Blood e Em Terapia. A primeira deixo para outro post uma vez que, apesar de já ter me viciado, ainda estou na metade da temporada. O foco deste post é Em Terapia, cuja segunda temporada a HBO apresenta de segunda a sexta.

Uma primeira temporada impecável deixa sempre a expectativa por uma segunda ainda melhor. Na maioria das vezes tal expectativa é frustrada, algumas vezes ficamos satisfeitos e raríssimas vezes ela é superada. Como estamos falando de HBO, temos aqui o terceiro caso.

Todas as histórias que lemos em um livro, num jornal ou vemos em um filme tem em comum o fato de o personagem central ter um problema que o leva de um estado original a um final, independentemente se aquele problema é solucionado ou não. A questão central que nos leva a acompanhar tal história não é o problema em si, mas como o personagem chega ao final da história de uma determinada forma.

E como melhor falar de problemas que entre quatro paredes, num consultório, durante uma terapia? Assistindo à série durante essas duas semanas, problemas são o que não falta. Assisto pelo menos duas vezes cada episódio, mas a sensação que fica no final de cada um é que não importa quantas vezes você veja, sempre haverá algo para descobrir sobre cada personagem. Culpa de quem? Roteiristas. Com um texto denso, eles revelam os personagens a cada frase, a cada olhar, a cada respiração, a cada pausa; e nós refletimos com cada um deles.

Apesar de cada personagem trazer à tona suas angústias de uma forma específica (afinal são personagens diferentes), acredito que esta segunda temporada tenta tratar de um problema pontual: a solidão. Mas a simplificação de um texto impecável em uma palavra até certo ponto banal não faz jus a esta série. Então vamos tentar detalhar um pouco mais cada personagem.

Mia é a paciente de segunda-feira: 42 anos, advogada, solteira e com uma história com o próprio terapeuta, Paul Weston. Aos 22 anos era sua paciente e no mesmo período teve um relacionamento com ele. Grávida de Paul, optou pelo aborto. O final do episódio da terceira semana, que foi ao ar na última segunda-feira (22), resumiu bem todo o sentimento de abandono da personagem. Ela diz que a única coisa de que precisa é ter alguém no final do dia para conversar, um companheiro.

April, a paciente de terça-feira, possui um tipo de câncer agressivo. Descobrimos logo no primeiro episódio que ela não deseja fazer quimioterapia. Os motivos para esta decisão vamos descobrindo aos poucos: o autismo do irmão, problemas de relacionamento com a mãe, término de um relacionamento com namorado. Talvez April seja a personagem cujos problemas sejam os mais difíceis de ser resolvidos.

Oliver é o garoto da temporada. Seus pais estão em processo de separação e acredita que ele seja o motivo da separação dos dois. Como tudo que fala parece levantar desavenças entre seus pais, ele decide não reclamar mais de nada e apenas falar que está tudo bem com ele.

Walter, alto-executivo e pai que se vê abandonado pela sua filha que viaja para a África, é interpretado pelo melhor ator dessa temporada. Suas sessões ocorrem na quinta-feira. Apesar da crise na empresa dele, o maior problema para ele é o fato de estar longe de sua filha e por isso se sentir rejeitado por ela. Mais uma vez o problema da solidão é tratado.

Paul, como sempre, tem suas sessões com Gina, interpretada brilhantemente por Dianne Wiest. Depois de ter se separado da mulher, Paul revela seus problemas para sua agora terapeuta. Entre tais problemas está o de ele não querer ser como seu pai (ou como pensa que seu pai foi) em abandonar seus filhos e consequentemente ser abandonado por eles. Gabriel Byrne continua ótimo no papel de Paul Weston, o terapeuta que nos quatro primeiros dias da semana parece ter tudo sob seu controle, apenas para que na sexta percebamos que ele possui tantos danos ou mais que seus pacientes.

Com a questão girando em torno da solidão, a segunda temporada de Em Terapia caminha para superar a primeira. Não que isso seja necessário para que a série seja boa. Mas nada melhor que confirmar que sim, é possível mostrar arte na televisão!