Fazer um longa de animação cujo personagem principal é um velho ranzinza não é à primeira vista muito atrativo ao público infantil. Num ano em que os grandes estúdios americanos, temendo uma contração de mercado (refletido em queda nas bilheteria), lançam fórmulas batidas como sequências de filmes blockbusters, filmes de super-heróis e de brinquedos, ou qualquer combinação das anteriores, UP chega aos cinemas como a confirmação de que um filme pode fazer sucesso tanto de crítica quanto de público. Comecemos comprovando o sucesso de crítica. O site Metacritic, que levanta as críticas dos principais meios de comunicação impressos americanos, computou a nota de 88 para o filme. Até o momento é o longa com maior nota do ano, lembrando que o site lista não apenas filmes americanos como de todo mundo. Quanto ao sucesso de público, somente nos Estados Unidos a animação faturou quase 300 milhões de dólares, o que a colocou na segunda posição da bilheteria do verão americano, perdendo apenas para Transformers - A Vingança dos Derrotados.
Podem-se enumerar vários motivos pelos quais UP dá certo. O primeiro deles é o mais óbvio: o filme é bom e tem a qualidade Pixar. É uma história bem contada, com um excelente ritmo, variando entre o sentimental e ótimos elementos cômicos. O segundo deles é o fato da Pixar conseguir se comunicar desde o público infantil até o adulto. O fato é que quem leva as crianças ao cinema são os pais e, dado o preço que os cinemas cobram hoje, os adultos também querem que o filme valha a pena, e a Pixar sabe disso. E a conclusão é simples: quanto maior for o público alvo do seu filme e principalmente, se esse filme conseguir "dialogar" com esse público alvo maior, as chances de uma bilheteria considerável é aumentada. Os primeiros minutos de UP mostram exatamente isso: ao contar a história do velhinho ranzinza e como foi sua vida, desde quando conheceu sua mulher na infância, temos momentos cômicos mais voltados para o público infantil, até momentos mais complexos, principalmente depois que os dois se casam, momentos estes a que as crianças assistem, entendem a sequência de fatos para entenderem o filme, mas muito provavelmente não a levaram em consideração para compreender os motivos pelos quais o velhinho vai até a América do Sul com a casa. O terceiro fator, e talvez o que tenha mais contribuído para o sucesso de público, seja o fato da exibição de UP no formato 3D. Os grandes estúdios percebendo que estão perdendo público para aqueles que baixam os filmes pela internet, assistindo aos filmes no conforto de casa, vem buscando um diferencial e atrativo para a exibição do cinema. Enquanto não é lançada a imagem 3D para televisores, que parece que não vai demorar muito, os cinemas já usam esse diferencial. As exibições em formato 3D parecem ter salvo o cinema americano da retração este ano.
Emocional ou cômico, para crianças ou para adultos, 3D ou 2D, o fato é que a Pixar acertou...de novo! Com um portifólio de longas que vêm num crescente de qualidade técnica e de conteúdo, desde Toy Story, passando por Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis e mais recentemente o excelente Wall-E, o fato é que a Pixar ainda não errou e nós cinéfilos a agradecemos por isso.
O modo com que encaramos a morte dita a forma com a qual levamos a vida. Como um roteirista consegue imprimir esta temática em película? De uma maneira convencional, mostrando um personagem superando dificuldades? Provavelmente. Aqui, porém, falamos de Charlie Kaufman, roteirista "oscarizado" pelo excelente "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" e dos não menos ótimos "Quero ser John Malkovich", "Confissões de Uma Mente Perigosa" e "Adaptação". Em "Sinédoque, Nova York", nada é convencional, começando pelo próprio título. A revelação de um personagem principal paranóico e com medo da morte (o diretor de teatro Caden Cotard, interpretado por Philip Seymor Hoffman) se dá logo na primeira sequência, quando se preocupa com o cocô verde. A partir daí, somos levados por uma espiral descendente de Caden, cada vez com mais medo da morte, buscando doenças que não existem, distanciando-se cada vez mais da vida. Com a finalidade de mostrar tal distanciamento, Kaufman opta pela linha temporal comprimida do personagem principal para conduzir o espectador por um espaço/tempo fragmentado. Caden simplesmente não vê os anos passando, sua filha cresce, sua mulher não volta de uma viagem e para ele este período não passou de alguns meses. Quando ganha uma bolsa para montar uma peça de teatro em Nova York, a espiral do megalomaníaco Caden se intensifica. Ao mesmo tempo em que tenta registrar na peça sua vida com a máxima precisão possível, esquece de vivê-la.
Os elementos non-sense que Kaufman costuma colocar em seus roteiros também estão presentes em "Sinédoque": começando pelo tal "green poop" até a apresentação de uma casa em chamas (que lembra o andar 7 e meio de "Quero Ser John Malkovich"). O mais interessante de tais elementos não são os elementos em si, mas como Kaufman os apresenta como normais. Apesar dos personagens perceberem que a casa está em chamas, para eles aquilo não é absurdo.
Ao contrário do que é feito pela maioria dos diretores/roteiristas com intenções mais artísticas, que colocam elementos sem sentido em suas narrativas apenas para quebrar padrões, Kaufman os utiliza com algum propósito. A casa serve para apresentar a personagem que é contraponto de Caden, Hazel, interpretada por Samantha Morton. Ao entrar na casa com o intuito de comprá-la, Hazel se sente totalmente confortável, mesmo com as chamas e com o inquilino vivendo ali.
Kaufman se aventura pela primeira vez na direção de seus roteiros, que anteriormente foram dirigidos por nomes como George Clooney (Confissões de Uma Mente Perigosa), Spike Jonze (Adaptação) e Michel Goundry (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças). Enquanto mostra conforto quebrando padrões em seus roteiros, Kaufman é bem mais contido na direção. Com enquadramentos comuns, há algumas cenas que incomodam principalmente pelo fato do que elas poderiam ter sido se dirigidas, por exemplo, por Michel Goundry. Uma em especial é aquela em que o padre proclama um texto em um enterro sobre o tema de cada um ser protagonista de sua própria vida. O texto excelente de Kaufman se perde na direção do próprio autor e, no final, o que vemos é uma cena que beira o piegas.
Com um time de atores que ainda inclui a subestimada Hope Davis, que rende as cenas mais engraçadas (leia-se humor negro), Michelle Williams e Dianne Wiest, Kayfman consegue extrair ótimas interpretações e momentos.
Com um final mais intimista que apoteótico, Kaufman nos oferece em uma trama enrolada em si mesma uma mensagem simples: a vida é apenas aproveitada quando não pensamos no final dela.
A Uol divulgou uma lista de filmes que irão estrear ainda este ano no Brasil. Tal lista conta com um total de 30 filmes. Considerando que um dos filmes é Year One, com Jack Black, vou reduzir a lista para alguns poucos. Começando pelo mais aguardado por mim, Anticristo, de Lars Von Trier. Para assistir aos trailers, basta clicar nos seus respectivos títulos.
Anticristo, Lars Von Trier, estréia prevista para 28/08.
Filme selecionado para a competição oficial do festival de Cannes, Anticristo levantou polêmica durante sua exibição. Alguns não assistiram ao filme até o final da sessão e dizem que houve até desmaio (para mim é marketing). O fato é que Lars Von Trier usa e abusa de suas personagens femininas. Lembremos de Björk em Dançando no Escuro que sumiu do set de filmagem por um tempo. Ok! Ela é excêntrica por natureza, mas o tratamento cordial geralmente evita fugas. Outra que sofreu na mão do diretor foi Nicole Kidman. Ok! Ela não parece ser das pessoas mais fáceis de agradar, mas a julgar pela entrevista dada por ela no final das gravações de Dogville (entrevista esta disponível na edição especial do filme em DVD), o negócio foi feio. A, digamos, falta de elegância, com a (personagem de) Charlotte Gainsbourg, protagonista de Anticristo, incluiu mutilação genital. Maltratada ou não, a interpretação lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. O filme trata da história de um casal, protagonizado por Willem Defoe e Gainsbourg, que após a perda do filho se isolam em uma casa. Minha opinião: ou será muito bom ou muito ruim. Não haverá meio termo.
Com o subtítulo Altas Aventuras (sacou o trocadilho? Não? Ainda bem!), o novo filme da Pixar foi o que abriu o Festival de Cannes esse ano (no ano passado havia sido Ensaio Sobre a Cegueira), sem porém estar na competição oficial. A crítica foi predominantemente favorável à história de um velhinho viúvo ranzinza que decide realizar o sonho da ex-mulher e ir à Venezuela. O fato inusitado é que ele não abandona a casa e a utiliza como meio de transporte até seu destino com auxílio de balões. Os críticos dizem que a Pixar desde o lançamento de Wall-e e agora com Up vem se afastando do público infantil com roteiros mais elaborados e personagens mais interessantes que meramente bonitinhos. Bom para os pais das crianças que as acompanham ao cinema, fazendo valer a pena os 20 reais gastos; melhor ainda para as crianças cuja inteligência não é subestimada.
Sede de Sangue, Chan-wook Park, estréia prevista para 18/09
Tarantino é fã de Chan-wook Park. Eu sou fã da chamada Trilogia da Vingança formada pelos filmes Mr. Vingança, Old Boy e Lady Vingança. O fato é que o cinema sul-coreano possui um visual como nenhum outro. Com Sede de Sangue, que também fazia parte da seleção oficial de Cannes, Chan-wook Park se aventura pelo gênero do terror e, a julgar pela crítica, o coreano acertou novamente. A sinopse é trash: padre morto e ressuscitado se apaixona e tem que lutar contra o desejo carnal e o desejo por sangue. Isso pode afugentar alguns, mas o diretor já deu pelo menos três outros ótimos motivos para assistir a qualquer um de seus filmes.
Holocausto às avessas e com bem menos mortes é o que propõe Tarantino no seu longa que estava na seleção oficial de Cannes e que, excluindo o fator estrela de Brad Pitt como protagonista, não teve muita repercussão. Após a apresentação no festival, o filme foi re-editado, mas não para agradar os produtores e seus bolsos. Segundo o diretor, os ajustes foram necessários apenas para dar melhor ritmo ao filme. Os bastardos do título são um grupo de soldados judeus na Alemanha de Hitler cuja missão é assassinar soldados nazistas. O que esperar do longa? Violência e sangue, é claro, incluindo cena de morte com bastão de baseball sendo a bolinha substituída por uma cabeça nazista. Tudo isso, porém, com o humor que já é esperado do diretor. Para quem já viu Uma Thurman arrancar o olho de um oponente com uma das mãos, a tacada certeira num crânio é fichinha...ou não. Os Abraços Partidos, Pedro Almodóvar, estréia prevista para 20/11
Pedro Almodóvar e Penélope Cruz se unem novamente para este longa que traz uma comédia dentro de um drama. O recurso de filme dentro do filme já utilizado como um fator surpresa em A Má Educação parece não ter agradado a crítica em Cannes, de cuja seleção o longa fazia parte. Mas vale lembrar que é Penélope Cruz e que é Almodóvar com uma temática parecida ao ótimo Volver: superar traumas só é possível revivendo-os. (parênteses para comentário inútil: os filmes do Almodóvar tem os melhores pôsteres).
Avatar, James Cameron, estréia prevista para 18/12
O que é? Não sei. O que se sabe sobre o filme? O nome, o diretor e que será 3D. O que se fala sobre ele? Irá revolucionar a tecnologia 3D no cinema. Como tudo que gera expectativas antecipadas geralmente dá m**** (com o perdão da letra), eu prefiro me abster de qualquer comentário. Mas vale lembrar que teremos a volta de Sigourney Weaver à ficção científica depois de todos os Aliens. Já há portanto uma ponta de esperança.
...e em 2010
Agora é só marcar na agenda, ou no palm, ou em qualquer outro lugar com tecnologia mais avançada.
Vamos analisar primeiramente o CV do criador da série, Alan Ball. O roteirista escreveu a obra-prima do cinema Beleza Americana, roteiro com o qual ganhou o Oscar, Globo de Ouro e o Prêmio do Sindicato dos Roteiristas Americanos de melhor Roteiro. Só neste ponto já teríamos motivos suficientes para pelo menos dar uma chance a True Blood. Na TV, foi nada menos que o criador de uma das melhores séries de todos os tempos, A Sete Palmos (Six Feet Under), que estou retomando desde a primeira temporada. Por esta série, recebeu o prêmio de Direção pelo Sindicato de Diretores Americanos e nos prêmios Emmy na mesma categoria, além de ganhar prêmio de produção do Sindicato dos Produtores Americanos. Credenciais apresentadas, prosseguimos com a sinopse: vampiros convivem com seres humanos após os japoneses (sempre eles) criarem sangue artificial, o Tru Blood (sem "e" em Tru). Devo confessar que com esse briefing, minhas expectativas começaram bem baixas, chegando a acreditar que Alan Ball teria pela primeira vez errado. Hoje em dia quando se fala sobre vampiros, somos automaticamente remetidos a Crepúsculo e afins, onde meninas virginais são defendidas pela “facção” boa dos vampiros, personificado por um vampiro/herói romântico. Minha maior preocupação era a da HBO (canal que produz a série) perdesse seu lado mais politicamente incorreto e transformasse a série em mais uma Buffy (desculpem-me, fãs, mas não consigo assistir a nenhum filme ou série cuja protagonista seja Sarah Michele Geller). Se a produção da série fosse para outro canal, como um canal aberto, provavelmente esse seria o destino de True Blood. Mas como Alan Ball tinha créditos com o canal depois de criar Six Feet Under, a série se transformou em programa voltado para adulto: um pouco devido à temática, mas principalmente ao quesito gráfico. A primeira temporada da série teve como fio condutor dos episódios os assassinatos de mulheres que tiveram relações sexuais com vampiros. Com tais crimes de pano de fundo, o que a série mostrou realmente foi como se dá o convívio entre os humanos e os vampiros após estes “saírem do caixão”. A escolha de uma cidade sulista americana é importante: ali o preconceito com quem é diferente do que é aceito por eles como normal é bem maior do que se a série se passasse em uma cidade grande. Poucos ali aceitam os vampiros, com exceção da personagem principal Sookie, vivida por Anna Paquin e sua avó. A relativa aceitação dos vampiros por aquela comunidade apenas começa a surgir quando Bill Compton, vampiro “do bem” e protetor de Sookie, vai à igreja em um evento organizado pela avó para fazer uma seção de perguntas e respostas. Os vampiros são, na verdade, uma alegoria escolhida por Alan Ball para mostrar como uma comunidade conservadora acolhe ou rechaça a presença de seres diferentes. Algo como um X-Men mas com vampiros no lugar de mutantes. No que diz respeito à parte gráfica, a assinatura da HBO é evidente: cenas de sangue para todo o lado são constantes; e é claro, sexo (quase) chegando ao hard-core no segundo episódio.
Terminada a primeira temporada, que é concluída com o descobrimento do assassino das mulheres, o primeiro episódio da segunda começa exatamente de onde terminou o último (acredito que até seja o mesmo plano de filmagem); e já começou no melhor estilo True Blood: uma das personagens da primeira temporada é assassinada, seu coração é arrancado e seu corpo é encontrado dentro do carro do detetive. Novos e interessantes personagens enriquecem a trama: a “convertida” por Bill Compton promete abalar o relacionamento dele com Sookie; Marryan Forrester, interpretada por Michelle Forbes, que já havia sido apresentada nos episódios finais da primeira temporada, irá revelar suas reais intenções durante a segunda temporada (e como já era de se esperar, descobrimos logo no primeiro episódio que ela não é tão boazinha assim). A HBO Brasil está apresentando a segunda temporada com apenas 4 episódios de atraso em relação aos Estados Unidos, o que é excelente sinal. Pelo que li de críticas dos próximos episódios, a temporada vai melhorando e ficando cada vez mais trash (no caso de True Blood, trash é bom; muito bom). Alan Ball com HBO parece ser uma combinação infalível.
Você disse? Eu amo você. Não quero nunca viver sem você. Você mudou minha vida. Você disse isso? Faça um plano. Estabeleça um objetivo. Trabalhe nele. Mas de vez em quando, olhe ao redor. Absorva. Por que é assim mesmo. Tudo pode acabar amanhã.
Com estas frases ditas por Meredith Grey, nos despedimos da quinta temporada de Grey’s Anatomy. Pode até parecer piegas, ou algo como use filtro solar, mas não nas mãos de roteiristas e de atores como Ellen Pompeo, Sandra Oh e Chandra Wilson. Ainda acredito que a segunda temporada da série, aquela que a colocou entre as dez mais vistas da audiência americana e que de lá nunca mais saiu, tenha sido a melhor devido ao conjunto dos episódios que formavam uma unidade. Sem dúvida, porém, este foi o melhor final de temporada da série e talvez da temporada de séries. A temporada começou meio morna, assim como haviam sido as duas últimas. Acreditava que os roteiristas haviam se perdido na história dos personagens e que a série se tornaria um entra e sai de atores e seus personagens e que nada teria da essência da série. Erro meu: do meio da temporada até o final os personagens novos entravam nas histórias dos velhos conhecidos e os apresentavam novas experiências, o que deixou a série com uma carga emocional como nunca teve. Pudemos ver transformações radicais nos personagens principais. Sandra Oh, ótima como sempre, brilha nos momentos em que expõe seu lado sentimental. Não foi diferente quando, quase sem ar, diz “eu te amo”. Chandra Wilson, a então “nazi” da primeira temporada, começou a mostrar o seu lado mais maternal quando seu filho nasceu na segunda temporada e simplesmente deixou de lado a cara de mandona de que aprendemos a gostar para explodir em seu sentimento de medo por tudo aquilo que estava acontecendo ao seu redor. Para terminar, Ellen Pompeo que para mim nunca esteve à altura de uma personagem como Meredith Grey, grita com toda a força que consegue naquele momento “Oh God! Oh God”. O que resume a série, desde a primeira temporada, se assim é possível fazer, é a conversa que Cristina Yang tem com Owen Hunt do lado de fora de Seattle Grace. Ela dizia que não importa quanto se estuda, quanto se especializa, no final sempre haverá a morte. Apesar da visão pessimista (única visão possível naquele momento), o que realmente se pode tirar é que, por mais que tentemos controlar as situações, saber o que está acontecendo, saber o que esperar o que vai acontecer no próximo instante, estamos sempre sujeitos ao acaso. São as “ondas contra as quais eu tentei nadar” cantadas pelo ColdPlay em Clocks. O controle talvez seja devido ao medo de tudo que não conhecemos, de tudo aquilo sobre o qual não temos controle. A vontade que as coisas aconteçam não passa de uma esperança, porque existem coisas que nos foge do controle seja na medicina ou seja na vida de qualquer pessoa. Passar por essa vida parece, portanto nos esforçar para que consigamos o que queremos sabendo, porém, que existem situações que simplesmente acontecem e nos impede de atingir nossos objetivos. Como as três frases escritas na chamada para o final de temporada:
Viver é se decidir Viver é se arriscar Viver é sobreviver
...simplesmente sabendo que tudo pode acabar amanhã.
Sim! 30 Rock é a melhor comédia da TV americana no momento. Sim! Tina Fey é uma ótima roteirista. Sim! Eu tenho o box da primeira temporada (estava na promoção, mas isso não vem ao caso). Mas tenho que admitir: não acompanho a série esperando ansiosamente pelo próximo episódio. Apenas assisto ao programa quando vejo que há um episódio gravado no receptor. Apenas mais uma crítica antes que partamos para os elogios (que não são poucos): ainda vejo a série como uma "Arrested Development Wannabe".
Tenho alguns elementos para comprovar: primeiro o humor non-sense e rápido que tanto fazia a alegria dos críticos americanos (nem tanto da audiência) que ambas possuem; a narrativa que quebra com a linearidade algumas vezes para lembrar algo que aconteceu ou para ilustrar o pensamento de algum personagem (neste ponto, Arrested Development é imbatível); por último há os personagens bizarros e aquele único "comum" principal (espero que não haja comentários perguntando "o que é comum", pois este não é um blog filosófico) que tenta manter tudo sob seu controle para que o mundo à volta deles, com personagens tão bizarros, não desmorone.
Dito isso, deixo a foto abaixo:
Vamos explicar: Jack Donaghy, numa interpretação cínica e comicamente impagável de Alec Baldwin, conhece seu pai que precisa de um rim (kidney). Como ele não queria ser o doador do recém-conhecido pai, ele fica feliz quando o médico bizarro da série diz que eles não são compatíveis. Ele então, para tentar ajudar o velhinho simpático, chama alguns artistas (cantores de verdade - não imitadores) para cantar à doação de rim; uma sátira de bom gosto naquele momento (maio) de "We are the World".
Os cantores chamados, que diga-se de passagem foram ótimos atores, foram: Clay Aiken, Elvis Costello, Mary J. Blige, Sheryl Crow, Mike D dos Beastie boys, Steve Earle, Adam Levine, Adam Horovitz, Sara "Love Song" Bareilles, Wyclef "Hips don't lie" Jean, Norah Jones, Talib Kweli, Michael McDonald, Rhett Miller, Moby, Robert Randolph, Rachael Yamagata, Cyndi "True Colors" Lauper; e no meio desse monte de celebridades faltava apenas a celebridade wannabe, minha personagem favorita do seriado, Jenna Maroney. Ela personifica o desespero em se tornar famosa. Cada vez que pega o microfone em "He Needs a Kidney", a voz dela é a mais alta, e consequentemente a mais engraçada.
No pôster da campamha, lê-se: Rim agora! Uma música. Um homem. Um rim. Doe um. Tentei de todas as maneiras possíveis e imagináveis conseguir o vídeo de "He Needs a Kidney" mas no youtube só encontrei a música com uma imagem parada. Até tentei comprar pelo iTunes mas não consigo mexer naquele programa (aliás, fica aqui um alerta de ajuda). Segue abaixo a música com minha tradução livre. Se tiverem a oportunidade, a Sony transmite pelo menos 10 vezes no domingo suas séries do prime time e 30 Rock é uma delas (indireta).
Tradução:
Às vezes a vida nos traz dor e luta E tudo parece errado É quando você encontra um amigo E escreve uma música
Então Dê a dádiva da doação Dê com tudo, dê por inteiro Dê o salto – Alcance bem lá no fundo
E apenas doe um rim Para um pai ou para um papai E apenas doe um rim Ficamos sabendo que não dói tanto assim
E nós sabemos que você quer doá-lo Para um super ser humano Então faça Nós apenas precisamos de um Para MILTON GREENE
Este país possui 6 milhões de rins E nós precisamos apenas da metade disso Isso deixa livre outros 3 milhões Faça as contas
Ele precisa de um rim MILTON GREENE Não pergunte o porquê – ele pode morrer Se você não ligar hoje
(Mary J. Blige) Escute, quando alguém começa a falar no meio de uma música, você sabe que é sério. Então doe um rim a Milton Greene. Nós acreditamos tanto nesta causa que estamos fazendo isso sem cachê. Com exceção da Sheryl. (Sheryl Crow). É verdade. Eu sou a única levando uma grana. (Norah Jones) E apenas 3 de nós estamos bêbados. Milton Greene precisa de um rim. Assim como eu preciso dessa barba. Você não quer ver o que tem aqui embaixo. E enquanto você não tem duas barbas, você tem de fato dois rins. Pensa dessa forma: se eu tivesse dois dólares, eu te daria 1, não? (Cindy Lauper) Eu sou uma dos bêbados.
Dizem que dois é melhor que um Mas algumas vezes 1 é melhor que dois Se você tivesse duas cabeças, você desejaria ter uma Como isso é diferente? Se você tivesse dois cachorros te atacando Você iria querer apenas um Pronto, já provei o que quero dizer!
Acabei de assistir ontem (com um pouco de atraso, tenho que admitir) à primeira temporada da série. Ainda não tive tempo de escrever uma crítica aqui mas ela virá provavelmente no próximo post. O que posso adiantar: é trash mas é boa! Agora preciso ver a sessão de terapia de Walter com Paul Weston!
I have just finished watching yesterday (with a little delay, I have do admit) True Blood's first season. I haven't had the time to write a review yet but it will probably come on the next post. What I can write in advance: it's trash but it's good! Now I've got to see Walter's therapy session with Paul Weston!
Demorou...demorou! Mas chegou. Há aproximadamente 2 meses recebi o email da SKY, prestadora de que sou cliente há pelo menos 10 anos (se contarmos com a extinta Directv) sobre a chegada do receptor de alta definição. Já esperava por essa notícia desde a chegada da tecnologia pela NET. Como nunca fui cliente desta última, não vou criticá-la ou elogiá-la, apenas comentando os canais e a programação em alta definição da Sky.
Vale primeiro ressaltar a diferença entre a TV digital e a TV em alta definição. A Sky e a Directv já surgiram como provedoras de sinal digital. A Net, alguns anos depois começou a oferecer também o sinal digital. A televisão em alta definição é um serviço novo no Brasil, oferecido primeiramente apenas pela NET e agora pela Sky.
Quando comparamos a qualidade de imagem do sinal digital convencional com o sinal digital em alta definição, podemos fazer a seguinte analogia: a imagem do sinal digital convencional é comparável à do DVD e a imagem do sinal digital em alta definição é comparável dos discos blurays.
Para se ter uma idéia de como a Sky considera importante a oferta do sinal em alta definição, olha só quem foi chamada para ser a garota propaganda da campanha de lançamento:
Dispensando qualquer legenda, continuo o post. A Sky oferece 10 canais em alta definição. São eles: HBO, HBO HD, MGM HD, SPACE HD, TNT HD, ESPN HD, VOOM, FOX+NatGeo, HD Theater (Discovery), SEX ZONE HD.
A pergunta que sempre é feita nesse momento é: vale a pena pagar um pouco a mais para ter estes canais em alta definição? A melhor resposta que encontrei até o momento é: depende do que você espera quando assiste à televisão. Vamos falar canal por canal para tentar ajudar.
A HBO HD possui uma programação mais voltada para suas séries originais tais como True Blood e Em Terapia. Sua programação também inclui os últimos filmes apresentados pelo canal HBO principal. A imagem é excelente porém inferior à de outros canais em alta definição. Nos primeiros episódios da apresentação da série Alice, a imagem era visivelmente granulada. Não era possível saber, porém, se o problema era da transmissão do sinal ou do próprio canal. Com o passar dos episódios, porém, a imagem melhorou muito e nos últimos já se podia dizer que tinham uma imagem com qualidade de alta definição.
A HBO que não tem HD no seu nome mas cujo sinal é transmitido em alta definição possui a mesma programação daquela que nem tem o HD no nome nem tem seu sinal transmitido em alta definição. Difícil entender? Bom: é a mesma programação da HBO que você provavelmente tem mas em alta definição. Imagem excelente, com uma programação que às vezes inclui filmes que não foram feitos para ser transmitidos em HD. Uma vantagem desse canal é que, pelo menos pela Sky, a HBO convencional (canal 71) possui uma imagem ruim mesmo quando comparada à imagem da HBO 2.
Este canal eu deixo para o meu pai. Um dos gêneros de cinema pelo qual eu sou menos me interesso é o faroeste. Nada contra Sergio Leone, mesmo porque se um dia passar na MGM "Era uma vez no Oeste" em alta definição, count me in with popcorn. A imagem é relativamente melhor que a da MGM convencional, mas ainda assim não é comparável com a real (se assim a podemos chamar) imagem em alta definição. Mas de vez em quando há um filme bom passando no canal.
A programação da TNT já é um pouco melhor. Há alguns dias transmitia O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, um filme que ainda fica maior com a qualidade de imagem em alta definição. O que mais espero na verdade para este canal são as premiações, principalmente o Oscar 2010. Não sei se transmitirão em alta definição mas há sempre a possibilidade. A imagem em relação à TNT convencional é muito melhor, mas ainda não há a possibilidade, assim como na outra TNT, de legendas em português. As opções então são: ou você entende inglês, ou assiste dublado.
A imagem da ESPN HD e da Voom talvez sejam as melhores entre os 10 canais oferecidos em alta definição pela SKY. O único problema desses dois canais? A programação. Ok! Não sou o maior dos fãs de esportes, mas de vez em quando assisto a partidas da seleção de futebol e vôlei. Mas como o canal ESPN HD é internacional, a maior parte da programação é ocupada por partidas de baseball, futebol americano e basquete. Tirando esta última modalidade, não entendo nada das outras duas. Mas o canal é bom para ver a que ponto chega a qualidade da imagem em alta definição.
Outro exemplo de excelente imagem com péssima programação é a Voom. Digamos que a Voom é aquele canal que quis ser uma Discovery mas com uns documentários "B Style". Zapeando pela programação do canal neste exato momento (23:40 do dia 30 de junho), temos nas próximas horas: Classic Racers - uma corrida de 3 horas para carros clássicos dos anos 50 e 60; A Arte de Jogar - Voe sobre Manhattan e salve Nova York no SpiderMan 3; Thank you, dude...but not for me.
Bom para quem gosta de FOX e bom para quem gosta de NatGeo. Antes eu até assistia a 24 horas mas não dá mais. Simpsons eu nunca gostei. Documentários de vida selvagem nunca foram meu forte. Mas as imagens do canal estão entre as melhores. Espero que a terceira temporada de Dexter saia do FX e passe para Fox e, de preferência em alta definição. Ao que tudo indica, Dollhouse estréia na Fox: será que em alta definição? Mas ponto para o canal que transmitiu X-Men III em HD.
O canal em alta definição da Discovery cai na mesma situação que a NetGeo e a MGM: a primeira pelos documentários que não me atraem e a segunda porque quem assiste à Discovery aqui em casa é o meu pai. Assim como o canal anterior, porém, a imagem é excelente.
Sobre esse canal eu não tenho muito o que falar uma vez que se passei 10 minutos durante esses dois meses assistindo a ele, foi muito. Acredito que seja nele que é transmitida a série Battlestar Galactica que todo mundo fala que é boa mas que, apesar de inclusive já ter utilizado o receptor para gravar alguns episódios, ainda não vi nenhum. (mais sobre os recursos de gravação, abaixo no final do post)
A indústria pornográfica, pelo menos a americana, sempre acompanhou as mudanças tecnológicas. Quer saber mais sobre o assunto? Assista a Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson. Não, não é um filme pornô. Muito pelo contrário: é um ótimo filme sobre a indústria pornográfica americana nos anos 60 e 70, que inclusive foi indicado a alguns Oscars. Para novamente não ficar para trás, a indústria pornô lança um canal em alta definição. Na visão do blogueiro que vos fala, da mesma forma que quem assite a um filme pornô não quer saber de historinha (ou não), 1080 ou 720 linhas de difinição de imagem não farão a menor diferença. FYI: o canal veio bloqueado e não consegui até hoje desbloquear. De qualquer forma, acho que não estou perdendo nada.
Uma vantagem que já vinha sendo oferecida pela Sky era a possibilidade de gravação de programas para assisti-los nos momentos livres, o Sky+. Eu não possuia esse serviço e com a SKY HD ele foi mantido. É o TiVo americano. Além de poder gravar um filme através do controle remoto, ou fazer uma gravação recorrente de uma série sem se preocupar sobre os horários de cada uma delas, você pode assisti-las quando quiser, e não só às 11 da noite de um sábado quando a Sony transmite Saturday Night Live só porque o nome do programa começa com Saturday. Outra vantagem: o cliente pode se cadastrar no site da Sky e solicitar a gravação de qualquer programa pela internet caso o receptor esteja conectado à linha telefônica: é a tecnologia. A lista abaixo é apresentada no site da Sky para gravação à distância.
Acabei de abrir a minha lista de gravações e percebi que hoje era dia de Damages Episódio 4. Vejo no fim de semana. Há ainda Em Terapia com a sessão da April e no momento o receptor está gravando o décimo segundo episódio de True Blood.
No veredicto do blog: além do ótimo serviço prestado pela Sky (e olha que não trabalho lá nem tenho parente que trabalhe), hoje vale a pena instalar o receptor de alta definição caso já possua televisão Full HD.
It's not TV. It's HBO! Este é o slogan do canal cuja programação tem sido a melhor da TV em duas décadas. Apesar de tal slogan cair como uma luva para o canal, arriscaria dizer que um ainda melhor seria: It's not TV. It's Art!
Há alguns anos assisti a uma entrevista do Paulo Autran, provavelmente no canal Cultura, em que o ator dizia: o teatro é a arte do ator, o cinema é a arte do diretor e a televisão é a arte do marketing (ou alguma coisa parecida). Na época da entrevista, quando eu ainda não possuía TV por assinatura, concordei com a afirmação. Hoje, depois de um canal de TV oferecer em sua programação séries originais, ou seja, produzida pelo próprio canal, como Família Soprano, A Sete Palmos e minisséries como Band of Brothers, Angels in America e John Adams, tenho a convicção de que é possível "vender" arte na Televisão.
Mais uma prova disso está nas duas séries produzidas atualmente pelo canal que chamam a atenção: True Blood e Em Terapia. A primeira deixo para outro post uma vez que, apesar de já ter me viciado, ainda estou na metade da temporada. O foco deste post é Em Terapia, cuja segunda temporada a HBO apresenta de segunda a sexta.
Uma primeira temporada impecável deixa sempre a expectativa por uma segunda ainda melhor. Na maioria das vezes tal expectativa é frustrada, algumas vezes ficamos satisfeitos e raríssimas vezes ela é superada. Como estamos falando de HBO, temos aqui o terceiro caso.
Todas as histórias que lemos em um livro, num jornal ou vemos em um filme tem em comum o fato de o personagem central ter um problema que o leva de um estado original a um final, independentemente se aquele problema é solucionado ou não. A questão central que nos leva a acompanhar tal história não é o problema em si, mas como o personagem chega ao final da história de uma determinada forma.
E como melhor falar de problemas que entre quatro paredes, num consultório, durante uma terapia? Assistindo à série durante essas duas semanas, problemas são o que não falta. Assisto pelo menos duas vezes cada episódio, mas a sensação que fica no final de cada um é que não importa quantas vezes você veja, sempre haverá algo para descobrir sobre cada personagem. Culpa de quem? Roteiristas. Com um texto denso, eles revelam os personagens a cada frase, a cada olhar, a cada respiração, a cada pausa; e nós refletimos com cada um deles.
Apesar de cada personagem trazer à tona suas angústias de uma forma específica (afinal são personagens diferentes), acredito que esta segunda temporada tenta tratar de um problema pontual: a solidão. Mas a simplificação de um texto impecável em uma palavra até certo ponto banal não faz jus a esta série. Então vamos tentar detalhar um pouco mais cada personagem.
Mia é a paciente de segunda-feira: 42 anos, advogada, solteira e com uma história com o próprio terapeuta, Paul Weston. Aos 22 anos era sua paciente e no mesmo período teve um relacionamento com ele. Grávida de Paul, optou pelo aborto. O final do episódio da terceira semana, que foi ao ar na última segunda-feira (22), resumiu bem todo o sentimento de abandono da personagem. Ela diz que a única coisa de que precisa é ter alguém no final do dia para conversar, um companheiro.
April, a paciente de terça-feira, possui um tipo de câncer agressivo. Descobrimos logo no primeiro episódio que ela não deseja fazer quimioterapia. Os motivos para esta decisão vamos descobrindo aos poucos: o autismo do irmão, problemas de relacionamento com a mãe, término de um relacionamento com namorado. Talvez April seja a personagem cujos problemas sejam os mais difíceis de ser resolvidos.
Oliver é o garoto da temporada. Seus pais estão em processo de separação e acredita que ele seja o motivo da separação dos dois. Como tudo que fala parece levantar desavenças entre seus pais, ele decide não reclamar mais de nada e apenas falar que está tudo bem com ele.
Walter, alto-executivo e pai que se vê abandonado pela sua filha que viaja para a África, é interpretado pelo melhor ator dessa temporada. Suas sessões ocorrem na quinta-feira. Apesar da crise na empresa dele, o maior problema para ele é o fato de estar longe de sua filha e por isso se sentir rejeitado por ela. Mais uma vez o problema da solidão é tratado.
Paul, como sempre, tem suas sessões com Gina, interpretada brilhantemente por Dianne Wiest. Depois de ter se separado da mulher, Paul revela seus problemas para sua agora terapeuta. Entre tais problemas está o de ele não querer ser como seu pai (ou como pensa que seu pai foi) em abandonar seus filhos e consequentemente ser abandonado por eles. Gabriel Byrne continua ótimo no papel de Paul Weston, o terapeuta que nos quatro primeiros dias da semana parece ter tudo sob seu controle, apenas para que na sexta percebamos que ele possui tantos danos ou mais que seus pacientes.
Com a questão girando em torno da solidão, a segunda temporada de Em Terapia caminha para superar a primeira. Não que isso seja necessário para que a série seja boa. Mas nada melhor que confirmar que sim, é possível mostrar arte na televisão!